O uso da matemática na economia: mitos e verdades

Há vários mitos que rondam as análises empíricas econômicas. Os principais dizem respeito a efetividade dos métodos estatísticos e matemáticos aplicados. Longe de querermos atacar quem diz isso, mas algumas coisas precisam ser ditas: geralmente os que criticam métodos estatísticos e matemáticos na economia são os que nunca na prática souberam como utilizar as ferramentas de maneira correta e/ou nem tentaram utilizar. E isso vale até mesmo para economistas, não estamos falando apenas de pessoas que não são da nossa área. Muitos economistas resolvem seguir para a área teórica e com isso criticam modelos matemáticos, sem muitas vezes nem entendê-los.

A estatística é utilizada na economia desde para fazer previsões com base em modelos matemáticos complexos até mesmo para explicar a realidade de hoje por meio dos dados gerados todos os dias na movimentação dos diferentes mercados e nas ações individuais que formam os agregados macroeconômicos. Ou seja, a economia não utiliza a estatística apenas para realizar previsões de curto, médio e longo prazo, mas para explicar como a sociedade é hoje e com isso auxiliar na tomada de decisão de importantes setores, sejam eles formados por empresas ou órgãos públicos.

Mas e a matemática? Os modelos matemáticos são utilizados na economia em conjunto com a estatística para tentar explicar comportamentos a partir de um conjunto de outros fatores. Um modelo de regressão linear múltiplo por exemplo, utiliza uma equação como y = b0 + b1*x1 + b2*x2 + b3*x3 + e. Esta equação é formada por uma variável dependente e três variáveis independentes, em que você, estimando os parâmetros corretos consegue prever dados futuros dentro de uma margem de confiança pré estipulada. Muitos não dão a devida importância a isso justamente por não conhecerem os fundamentos teóricos, matemáticos e estatísticos por trás.

Todo esse conjunto de técnicas é acompanhado de testes validadores, que acompanham a confiança dos resultados e dizem se os modelos são capazes de prever e se os dados fazem sentido ou não fazem. Nada é 100% verdade até que se prove isso. Economistas sérios trabalham desta maneira.

O gráfico nos diz que a renda média dos 10% mais ricos aumentou quase 50% de 2001 a 2014. Já a renda média dos 10% mais pobres aumentou em aproximadamente 190% de 2001 a 2014 no Brasil. Daí vem a diminuição do índice de Gini, uma vez que ambas as rendas aumentaram mas uma aumentou proporcionalmente mais do que a outra. Ou seja, nenhuma das duas classes economicamente opostas ficou mais pobre. Isso é uma política de crescimento eficiente, uma vez que aumentou a riqueza socialmente distribuída e a tornou mais igualitária, sem políticas "Robin Hood" como as que temos vistos em países que resolvem adotar variações de modelos socialistas.

É importante que saibamos como funciona e prestemos atenção nos discursos que chegam até nós, tentando nos convencer de que a economia não tem sua importância por se tratar de comportamentos humanos. Não. Comportamentos humanos podem ser previstos dentro de determinada escala de razoabilidade e confiança.